sexta-feira, 16 de março de 2007

Diálogo no trabalho. Assunto: casamento. Argumento de um dos interlocutores: "Hoje em dia não se vê mais casamentos como os de antigamente, que duravam 15, 20, 50 anos. Hoje todo mundo separa mesmo, e quem não separa é porque trai. Davi que foi Davi traiu, imagina eu, que sou normal."

O que as pessoas não sabem é que Davi, o rei Davi, também era normal. Passou pela janela do castelo, viu uma mulher se banhando e disse "quero essa mulher pra mim". Traiu mas sofreu as consequências, quase destruiu seu reino e acabou com a unidade familiar, que culminou em incesto e até assassinato entre seus filhos.

As pessoas querem exemplos fáceis para seguir, querem justificar sua atitude utilizando-se de trechos da Bíblia, pra parecer que seu erro é mais aceitável. Textos como esse de 2 Samuel e frases como "a carne é fraca", arrancada bruscamente do contexto de Mateus 26.41 ("Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade o espírito está pronto, mas a carne é fraca") são fáceis de se encontrar na boca daqueles que querem dar sentido ao adultério.

Engraçado que ninguém se lembra de José (Genesis 37). Muitos nem conhecem sua história. José foi vendido por seus irmãos como escravo, por causa do ciúme, e foi promovido a chefe dos escravos quando foi atacado pela esposa de Faraó, e sua única saída foi correr, mesmo deixando sua túnica nas mãos daquela devassa. Foi acusado de tentativa de estupro e ficou preso por anos, sem em nenhum momento se arrepender do que fez. O resultado um erro corrigido por Faraó, um cargo de governador do Egito e o sucesso contra a fome que assolaria a terra.

Todo mundo sabe se justificar quando erra, mas ninguém quer ficar preso injustamente porque fugiu da tentação.

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