terça-feira, 20 de novembro de 2007

Post Profético

Ontem pela manhã coloquei a imagem de um cão orando com seu dono. Ontem à noite achamos um cão abandonado na rua. Abandonado literalmente. Estávamos na sala quando um carro parou e mexeu numa árvore em frente à nossa casa. Ao saírmos para olhar (eram quase 10 da noite, logo achamos a atitude suspeitíssima) havia um mestiço de Pitbull e Boxer amarrado com fio grosso ao toco da árvore.

Olhamos para aquele animal com cara de "cachorro que caiu da mudança", e logo tentei uma aproximação (minha esposa morre de medo de cães, apesar de amá-los tanto quanto eu). Como eu não tenho medo de (quase) nada, deixei que me cheirasse e ensaiei um afago. Sucesso!

Apesar de ter sido largado, o bicho era bem cuidado. Estava limpo, tinha o pêlo forte e brilhante. Não dava pra identificar a idade da criatura, que tinha médio porte mas um comportamento bastante pacífico, típico dos filhotes. Provavelmente herdou o temperamento brincalhão dos Boxers.

Dei alguns pães pra tentar um laço de confiança, desamarrei-o e fomos a uma casa de rações próxima à esquina, buscar a opinião de alguém mais próximo de um profissional. Levei o cachorro com a gente, Renatinho com medo e Davi excitadíssimo, meio alegre meio medroso, talvez por nunca ter se aproximado de um cachorro tão grande em sua curta vida. Antes de começar a andar, porém, dei uma ordem direta: "todos, em hipótese nenhuma, podem colocar um nome no amigo temporário, certo? Chama de cachorro, au-au, tótó, mas nada de nomes!". Fica bastante difícil abandonar os laços depois de um nome, ainda mais com um companheiro tão receptivo.

Depois de conversar com o dono da casa de rações, fomos sugeridos a soltar o fio do pescoço do cachorro e deixá-lo procurar sua casa, ou ao menos um abrigo. Ameaçava chover e nossa preocupação era deixá-lo preso a uma árvore sem chance de se proteger. Em compensação, nosso vizinho nos advertiu para o risco de doenças (inclusive a raiva) que poderíamos levar pra casa ao abrigar, mesmo por uma noite, o sem-teto.

Mandei a família pra casa, e soltei a coleira. Fui seguido por alguns metros até que a liberdade falou mais alto, entrei pra que todos tomássemos outro banho, e alguns minutos depois voltei ao portão, somente para ver uma rua molhada e vazia.

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