Tragédias acontecem na vida de absolutamente todos nós. Todos um dia ficaremos doentes, perderemos algo precioso, sofreremos. Nossos pais morrerão. Outros parentes e pessoas queridas morrerão. Teremos grandes motivos de tristeza. É inevitável. A pergunta é: como vamos lidar com isso quando a hora chegar?
O personagem de John Cusack em ”1408” não soube lidar com a dor; no caso, a perda de sua filha para o câncer. Ele, que antes acreditava em Deus, passou a descrer. Em vez de fazer como Jó, que em nenhum momento de sua desgraça voltou-se contra Deus, o escritor vivido por Cusack brada do fundo de seu sofrimento: ”Que tipo de Deus faria isso com uma menininha?”. Ela morre, e seu pai morre para Deus. A partir daí, torna-se um cético e começa, como que numa tentativa de desafiar o sobrenatural, a escrever livros sobre lugares ”mal-assombrados”. Questionado sobre sua fé no além, ele solta a afirmação mais dura do filme: “Fantasmas não existem e, mesmo se existissem, não há um Deus para nos proteger deles”.
Até que...
Cusack descobre que no quarto 1408 do Hotel Dolphin, em Nova York, já morreram 56 pessoas - e decide passar a noite no local. Numa gaveta, encontra uma Bíblia, mas a despreza com desdém. Aos poucos, uma série de eventos denoníacos vai conduzindo o escritor ao desespero, a ponto de ele não suportar mais e dizer para Deus, enquanto abre a Bíblia antes desprezada: ”Você venceu”. Mas, para seu horror, as páginas das Escrituras estão todas em branco. Cada vez mais atormentado pelo mal que há no quarto, ele não suporta e ora ao Senhor: ”Por favor, Deus…”. O resto…bem, não queremos estragar o final do filme.
Feito para quem tem nervos fortes, ”1408” pode despertar boas reflexões sobre nosso relacionamento com Deus. Apesar de os fenômenos sobrenaturais retratados no filme serem fantasiosos, ele contém uma mensagem importante: nosso relacionamento com o Criador deve ocorrer independentemente das boas coisas que nos acontecem. Passemos por situações boas ou ruins, devemos glorificar a Deus. Afinal, não é essa a prova de que o amamos? Pois se só formos fiéis ou amigos de Deus enquanto ele nos dá dádivas, bênçãos e prazer, será que somos mesmo verdedeiros cristãos? Ou estamos nos relacionando com Ele meramente por interesse?
Jesus nunca nos prometeu uma vida fácil, de prazeres eternos, livre de sofrimentos. O que nos prometeu é que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Eis aí o erro principal do filme: se pecamos, nos arrependemos e nos voltamos novamente para o Senhor, sua Palavra nunca será de folhas em branco, mas repleta de promessas de restauração e de vida.
Baseado num conto de Stephen King, ”1408” é um bom filme de terror. Em vez de seguir a moda atual, que abusa das tripas, dos cérebros e do sangue aos baldes, opta pelo caminho mais clássico do terror psicológico: o que dá medo não é o que se vê. É o que não se vê. O filme usa sem restrições modelos e construções kafkianas para tecer uma narrativa tensa, sufocante, cheia de simbologias e com poucas conclusões. A explicação e o final são o que menos interessa: isso o realizador deixa por conta do público. As teorias podem ser muitas. O que está acontecendo? Já acabou? Qual a razão disso tudo? Prepare-se para tentar responder a essas perguntas - e não conseguir.
Escrito por Maurício Zágari Tubinambá
Fonte: CineGospel
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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